A Percepção do uso de drogas na família

Compatilhar 26/02/2011 por admin Envie seu artigo! Clique aqui!

Não é segredo para ninguém que um dos males deste século vem a ser a dependência química a todo tipo de drogas desde o álcool até aos ácidos que assolam cada vez mais cedo aos nossos jovens que hoje já aos 12 anos, são a elas apresentados com a maior naturalidade.
Daí o dilema nosso de mães: como abordar o assunto tão temido? O que dizer? Como prevenir?

Como mãe de 3 membros queridos da família nele envolvidos, depois de 40 anos de luta só posso dar meu depoimento pessoal alertando a todas as outras mães que se trata mesmo duma doença com raízes genéticas, multifatorial, de uma complexidade tão incrível que não existe  fórmula mágica para se sair do problema:
Estamos na mão do dependente químico que nunca deixará de se-lo:   poderá deixar de usar a droga.- SE QUISER- depois de um longo tratamento o que em sã consciência é muito difícil.- UMA COISA É CERTA- MUITO POUCO PODEMOS FAZER PORQUE A MELHORA NÃO DEPENDE DE NÓS
Nessa minha caminhada diria que um fator para mim se mostrou mais fundamental do que tantos outros igualmente fundamentais:
É a dependência emocional da qual somos portadoras em relação a esses nossos entes tão queridos.
Gostaria de alertar a tantas colegas de infortúnio que no meu caso, só depois de vinte e tantos anos fui tomar consciência de que era portadora dessa síndrome, que como a dependência química não tem cura e é a pedra fundamental que atrapalha o dependente a não mudar de vida, a fazer melhores escolhas, mais benéficas para suas vidas.
Ainda hoje, anos passados ( e botem anos nisso) me pego enrolada nessa dependência emocional do outro onde justifico, desculpo, explico, me iludo, e não vivo a minha vida mas os problemas criados por eles mesmos.
Sim, hoje menos do que antes, é verdade, mas não completamente livre.
Resta-me  no entanto apenas um consolo que traduzo no poema abaixo:

Caminho pela rua
Há um buraco fundo na calçada
Eu caio dentro dele
Estou perdido… Estou indefeso
Não é minha culpa
É preciso a eternidade para conseguir sair
II
Caminho pela mesma rua
Há um buraco fundo na calçada
Finjo que não vejo
Caio dentro dele de novo
Não consigo acreditar que estou neste
mesmo lugar
Mas não é minha culpa
Ainda é preciso um longo tempo para
conseguir sair
III
Caminho pela mesma rua
Há um buraco fundo na calçada
Eu vejo que ele está lá
ainda caio dentro dele… é um hábito… mas
Meus olhos estão abertos,
Eu sei onde estou
É minha culpa
Saio imediatamente
IV
Caminho pela mesma rua
Há um buraco fundo na calçada
Dou a volta ao redor dele
V
Caminho por outra rua.

Autoria desconhecida



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