CARTA A UMA MÃE AFLITA

Compatilhar 03/02/2019 por Maria Alice Azevedo Marques Envie seu artigo! Clique aqui!

E aí descobrimos que nosso filho usa drogas.

Depois do susto aprendo que não sei nada sobre essa doença, mas é preciso saber tudo sobre ela. Aos poucos percebo que no meu filho há Negação, Obsessão, Compulsão Egocentrismo e que ele pode mentir, roubar, manipular meio mundo para conseguir seus interesses, etc. Aprendo finalmente que a dependência química vai muito além do uso de drogas. É uma questão comportamental. De pensamentos. Atitudes. Valores e que eu sou completamente impotente para cura-la.

Demoro muito a acreditar mas a recuperação depende única e exclusivamente do ”querer” do adicto por ser uma doença mental e não física, onde uma pílula de remédio curaria a doença.

As vezes demoramos muito para entender e aceitar isso, mas quem acompanha meu blog, pode ver claramente que isto é uma grande verdade. Quanto mais rápido aprendermos isso, mais rápido entraremos em recuperação e conseguiremos ajudar com assertividade nossos adictos.

Nós também passamos por FASES na nossa dependência ao adicto :

NEGAÇÃO meu filho é normal, não usa drogas apesar de estar com mudança de comportamentos e quem usa são os companheiros

ELE Não aceita tratamento, nega sua realidade, projeta seus problemas ou características disfuncionais como mentira, manipulação furtos são parte do padrão de uso.

BARGANHA já  sei que ele usa mas esta no inicio, e ofereço trocas: se você parar eu lhe dou viagem, carro dinheiro mudança de escola

DEPRESSÃO angustia raiva por nada parecer funcionando

ACEITAÇÃO Tratamento fase em que se percebe que se nada adiantou é necessário a ajuda de profissionais no caso

Demoro, mas chego a conclusão que Colocar em prática o que aprendi, é questão de sobrevivência.
Em primeiro lugar coloquei em minha cabeça a questão dos 3 Cs, quando se trata de codependencia.
1- Eu não Causei a doença dele…
2- Eu não sou Culpada por ela….
3- Eu não posso Cura-lo…
Ufa..Foi difícil trabalhar a tal ”Aceitação”.

Mas há que saber que a doença dele é dele e a minha é minha e são coisas diferentes embora estejam associadas.

A doença dele também passa por fases:

Primeira fase: Desintoxicação onde a  síndrome da abstinência se manifesta pela falta da droga

Segunda fase: Reabilitação psicológica onde há a necessidade de se resgatar no dependente químico a capacidade de pensar com clareza, estimular seu desenvolvimento e sua auto-estima. Ele tem que descobrir por si mesmo que existe uma maneira saudável de viver sem as drogas; esta é a principal fase do tratamento.

Terceira fase: Reinserção social aonde ele precisa voltar  a ter contato com a sociedade, desta vez com uma visão positiva da vida.

Sabendo de tudo isso  percebo que no final a doença dele me faz ficar doente também

E como isso funciona ?

Nós mães queremos que o filho pare de sofrer e melhore. É normal não medirmos esforços para amparar quem amamos e proteger das coisas que lhes fazem mal. Mas qual é o limite? Até onde devemos ir? Quanto devemos fazer para ajudar o outro? A intensidade e o grau de envolvimento devem ter um limite.

Sentimos  muita  culpa e raiva ao mesmo tempo e não sabemos expressar nossos  sentimentos mas quando chegamos   ao ponto de viver o problema do outro como se fosse nosso  e quando há a preocupação mais em ajudar o outro do que em ajudar a  nós mesmas ISSO é chamado de co-dependencia do outro.

Veja: o outro esta estragando a vida dele com droga mas eu não posso fazer nada porque a vida é  dele e não minha e é ele que tem que QUERER parar com isso,

Porem na medida em que isso não ocorre nós temos  que fazer alguma coisa pois os  medos  são muitos: dele não voltar para casa, se matar, andar sujo, não ter o que se alimentar etc etc  e esses medos se misturam com  as chantagens que ele  faz formando um emaranhado de   sentimentos que se misturam mas  nada resolvem ou ajudam a ele  melhorar

Temos que admitir que não somos culpadas por essa doença dele mas  não podemos chegar ao ponto de  cair  em suas chantagens  mas como fazer isso ? Como lhe dar amor, sem fazer suas vontades?. Sem faze-lo sofrer, sem protege-lo ?

Fazendo ele o seu tratamento e eu o meu.

Ele para ficar livre da dependência da droga e eu para ficar livre da dependência dele

É aí que entra o NARANOM- AAA- AMOR EXIGENTE  ou seja, os grupos de auto ajuda cada qual ensinando os limites de cada um

NARANOM ensina o adicto dar um passo de cada vez, e ——– e o AMOR EXIGENTE ajuda a mãe dizer meu filho eu te amo só não aprovo o que você faz ou seja, eles ensinam  o limite de cada um, nas escolhas que faz

Veja os 12 passos ensinados pelo NARANOM

 

. Admitimos que éramos impotentes perante a nossa adicção, que nossas vidas tinham se tornado incontroláveis.

. Viemos a acreditar que um Poder maior do que nós poderia devolver-nos à sanidade.

. Decidimos entregar nossa vontade e nossas vidas aos cuidados de Deus, da maneira como nós O compreendíamos.

. Fizemos um profundo e destemido inventário moral de nós mesmos.

. Admitimos a Deus, a nós mesmos e a outro ser humano a natureza exata das nossas falhas.

. Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter.

. Humildemente pedimos a Ele que removesse nossos defeitos.

. Fizemos uma lista de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e nos dispusemos a fazer reparações a todas elas.

. Fizemos reparações diretas a tais pessoas, sempre que possível, exceto quando fazê-lo pudesse prejudicá-las ou a outras.

10º. Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.

11º. Procuramos, através de prece e meditação, melhorar o nosso contato consciente com Deus, da maneira como nós O compreendíamos, rogando apenas o conhecimento da Sua vontade em relação a nós e o poder de realizar essa vontade.

12º. Tendo experimentado um despertar espiritual, como resultado destes passos, procuramos levar esta mensagem a outros adictos e praticar estes princípios em todas as nossas atividades.

 

E A Oração da Serenidade

.

Concedei-nos Senhor a SERENIDADE necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar.

CORAGEM para modificar aquelas que podemos.

SABEDORIA para distinguir umas das outras.

 

Feito tudo isso é só confiar em Deus porque a droga é o mal do século.

Autora Maria Alice Azevedo Marques



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