EDUCAR UMA CRIANÇA COM LIMITES, É EDUCAR COM AMOR.
O estabelecimento de regras auxilia no aprendizado de como a criança deverá se comportar e reagir frente às diversas situações e deveres de sua vida, promovendo condições para se desenvolver e se organizar de maneira satisfatória. É um fator fundamental para a formação de adultos equilibrados e seguros.
Indisciplina com relação a horários, desorganização ou birra quando as vontades não são satisfeitas, são alguns dos comportamentos específicos de crianças que evidenciam a falta de limites. Por isso, a importância dos pais colocarem regras e normas de forma adequada desde o nascimento dos filhos, e durante todo o seu desenvolvimento.
A criança não compreende a relação de causa e efeito e os acessos de raiva são comuns, principalmente quando muito pequenas. Geralmente a criança não quer esperar, e quer fazer coisas que não consegue, o que acaba gerando frustrações. Cabe aos pais ajudar seus filhos a lidar com as frustrações do cotidiano, estabelecendo regras claras e consistentes.
Ao estabelecer limites, é importante que os pais adotem uma postura firme e coerente, agindo sempre da mesma forma frente às situações semelhantes. A criança ficará confusa se perceber que por exemplo, o pai diz uma coisa e age de forma exatamente contrária, e vale ressaltar que a criança aprenderá muito mais através de exemplos, do que com as palavras. Uma mãe que demonstra estar sempre atrasada, encontrará dificuldades em impor horários aos filhos, por exemplo.
Dizer “não” à criança quando necessário, é uma forma de mostrar que nem tudo é possível, e dizer-lhe o que deve e pode ou não fazer, é uma maneira de dar segurança e mostrar que você se importa com ela. Desta forma, vai aprendendo a lidar com as frustrações e não crescerá achando que tudo lhe é permitido.
Uma criança com dificuldade em obedecer a regras, em ser disciplinada, fica com o pensamento um pouco confuso, e tem dificuldade em desenvolver de forma adequada a sua capacidade de raciocínio lógico, mesmo que tenha um grande potencial. Inclusive, se a criança percebe que os pais são incapazes de controlá-la quando ela passa dos limites, cresce o sentimento de insegurança.
Para os pais, estabelecer limites aos filhos acaba sendo um aprendizado, pois muitas vezes o adulto vai se deparar com a sua própria dificuldade com relação aos limites. Portanto, a paciência e a calma são requisitos essenciais que os adultos devem ter ao impor limites. Muitas vezes, os pais terão que falar diversas vezes a mesma coisa, para que a criança compreenda a regra do jogo, e a linguagem utilizada deverá sempre ser a mais clara possível, para que ela possa entender.
Ao adotar medidas repreensivas, os pais devem levar em consideração que a punição deve ser proporcional ao tamanho da “arte” e a idade da criança.
Entre zero a três anos, a criança vivencia um processo de transformação, no sentido de tornar-se independente. Nessa fase, o desenvolvimento intelectual é diferente de uma criança mais velha. As regras precisam ser repetidas diversas vezes, pois sua memória não está completamente desenvolvida.
Crianças entre quatro e nove anos são menos dependentes dos pais, sua capacidade intelectual está mais desenvolvida e consegue compreender melhor as emoções que vivencia. Nessa fase é importante que os pais adotem uma atitude firme e justa na aplicação das regras, e medidas repreensivas devem ser aplicadas logo após a falta, para que a criança associe causa e efeito.
Muitos pais geralmente se preocupam em não frustrar seus filhos, e consideram que a forma mais adequada de educá-los é satisfazer absolutamente a todas as suas vontades. A falta de limites prejudica aos seus próprios filhos, trazendo conseqüências desastrosas para estes e para a própria família, e num sentido mais amplo para a sociedade. Inclusive quando chegar à difícil fase da adolescência, fase de grandes transformações físicas, emocionais e sociais.
Educar uma criança estabelecendo limites, é acima de tudo, oferecer segurança e uma base sólida na formação da personalidade. É educar com amor.
Sandra Gaspari
Psicóloga
03/2004