Procura-se uma nova classe alta, por Nizan Guanaes
> 18 de março de 2014 em Notas 11 Comentários
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> por Nizan Guanaes para RG.
> O que os americanos e ingleses mais sofisticados têm em comum? Cultura.
> Livros e dinheiro são uma mistura perfeita para elegância, savoir faire e bom gosto.
> Infelizmente o Brasil, que copia tanta coisa destes dois grandes países, não aprendeu a copiar essa ainda. A pobreza do rapaz rico dos camarotes, estampada na capa da Vejinha, mostra uma classe alta inculta que beira as raias do constrangimento num país cheio de desigualdades.
> Ninguém que tenha aberto um livro será capaz de, num mundo desigual como o nosso, abrir champanhes magnum a rufar de tambores e piscar de luzes.
> Dinheiro sem livro faz garotos ruidosos e meninas caladas. Gente mal vestida com as melhores grifes. E que não sabe se comportar no mundo.
> Gente caipira.
> A começar, não sabem falar inglês, inaceitável num mundo global. O mais lamentável ainda é que falam mal português também.
> A vida social em Nova York e Londres se passa dentro de universidades e museus, misturando caridade, diversão e cultura. Quando você conversa com pessoas como Tina Brown e Arianna Huffington, elas não são apenas locomotivas sociais, elas são enciclopédias vivas. Sem cultura e sem refinamento intelectual, seremos sempre sinhozinhos e sinhazinhas capiras mesmo que a gente compre todas as roupas, relógios, fivelas, todos os aviões e carros do mundo.
> Este país, apesar de todos os desafios que tem, já é um gigante global. E além de uma nova classe média, ele precisa de uma nova classe alta.
> Harvard, Yale, Stanford, Oxford, Cambridge… são centros sociais desse mundo moderno. É lá nessas escolas que se formam o establishment social que vai influir no mundo. No Brasil, nós ainda achamos que esse establishment se forma em Nammos, em Mikonos, ou no Club 55, em St.-Tropez.
> Nasci no Pelourinho. Fui a uma universidade bem mais ou menos. Mas em vez de dar uma Ferrari pro meu filho, coloquei ele na melhor escola que São Paulo tem: a Graded. E ele, por conta própria, escolheu fazer o colegial em uma das melhores prep schools dos Estados Unidos. A escola Exeter foi fundada em 1781. Lá estudou Mark Zuckerberg. A biblioteca tem 250 mil livros. E Antonio está estudando latim, fazendo remo e sofrendo pra burro pra entrar na disciplina da escola. Mas isso sim é uma herança.
> Meu filho leu mais do que eu, sabe mais do que eu. Está se tornando um homem melhor por dentro e por fora.
> Eu acredito que desse jeito construo não só um futuro pra ele, mas construo um futuro melhor pro país. Eu me dedico pessoalmente à educação de minhas crianças. Cada uma tem seu caminho e seu estilo. Passei, por exemplo, uma semana mostrando a Antonio o que era Istambul. E três horas jantando com Zeca, eu e ele, num restaurante três estrelas Michelin em Osaka.
> Os brasileiros melhores que nós formamos são a maior contribuição que podemos dar ao futuro desse país. Claro que o caminho não é fácil. Antonio, por exemplo, acostumado à boa vida de um menino em sua idade em São Paulo, luta para se enquadrar à vida espartana e focada em Exeter. Ao acompanhar meu filho e sua luta na tradicional escola, vejo de posição privilegiada como os Estados Unidos e a Inglaterra fabricam grandes mentes a ferro e fogo. Estudantes de história que viram fotógrafos ou vão fazer moda, ou simplesmente serão grandes anfitriões.
> Mas em tudo que forem fazer terão a marca indelével da boa educação. E é isso, educação, que nós, a elite, desejamos e cobramos tanto para os pobres que eu cobro para os ricos. Porque é elite estudada, culta e sensível um dos maiores luxos que este país mais precisa.
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> Enviada do meu iPhone |
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